03/11/2019 - Inspirada na obra de Renato Russo, ‘As 4 Estações’ está sendo gravadas nas cidades de Carmo da Mata, Oliveira, Itapecerica, Cláudio, Divinópolis e Capitólio.
Os moradores da pacata Procópio viviam em paz até que uma facção criminosa a escolhe como sede para a prática de crimes cibernéticos, tráfico de drogas e assassinatos. Inspirada na obra de Renato Russo e da banda Legião Urbana, esse é o mote da série policial “As 4 Estações”, que vem transformando cidades da região Centro-Oeste de Minas em cenários para uma trama na qual são discutidos temas contemporâneos como racismo, homofobia e bullying.
Com roteiro e direção do belo-horizontino Rony Guilherme, com longa trajetória no teatro, a produção tem Zezé Motta, Gracindo Júnior, Vannessa Gerbelli, Roberto Cordovani e Igor Cotrim no elenco. “Fui cedo para São Paulo e Rio batalhar minha carreira. Meu sonho era gravar em meu Estado para mostrar a beleza, a culinária e a arquitetura. Está sendo muito acolhedor. A cada fotografia, vejo que será um trabalho maravilhoso”, afirma Guilherme.
As gravações da primeira temporada começaram em agosto do ano passado e seguem até dezembro. Fazendas, casarões, indústrias, ruas, praças e escolas das cidades de Carmo da Mata, Oliveira, Itapecerica, Cláudio, Divinópolis e Capitólio ambientam a história, que conta ainda com atores da região.
“Estou achando lindíssimo os lugares. A paisagem é maravilhosa. Tem sido emocionante gravar”, ressalta a atriz Maximiliana Reis, famosa pela peça “Os Monólogos da Vagina”, durante gravações que a reportagem acompanhou na Fazenda da Palmeira, em Carmo da Mata.
“As 4 Estações” é uma produção independente, que negocia sua exibição para plataformas de streaming, como a Netflix. A expectativa é que a série seja lançada em abril de 2020. Estão previstas quatro temporadas, com dez episódios de 50 minutos cada.
Com o orçamento apertado, é preciso apelar para permutas e apoio de empresas e prefeituras. “Apresentamos o projeto para trazer um ator para gravar por alguns dias. Daí, conseguimos o hotel, o prefeito consegue um carro (para buscar o ator). Alguns hotéis e pousadas estão nos apoiando”, comenta Guilherme.
Entrevista
Rony Guilherme
Roteirista e diretor
A série está dividida em núcleos, de acordo com as estações do ano. Gostaria que explicasse um pouco como isso vai se passar na trama, fazendo um paralelo com a obra do Legião Urbana.
Essa série traz um pouco da rebeldia do movimento do rock brasileiro. Concentramos na linguagem da Legião Urbana, a banda que tinha mais personalidade, que conseguia ser agressiva para que as pessoas pensassem e, ao mesmo tempo, poética. Trazemos esse gráfico de emoções nos quatro núcleos. O Primavera questiona preconceitos, o Verão, essência de “Pais e Filhos”, um conflito familiar, o Outono, que é policial, suspense, muito de “Faroeste Caboclo”, e o Inverno, um núcleo de respiro, cômico.
A série também propõe uma forma inovadora de assisti-la. Como isso se dará?
Eu estava assistindo uma novela uma vez e queria saber como a personagem sairia daquela trama. Mas a trama cortava para outro núcleo. Demorou quatro ou cinco dias para a história se resolver. Então, pensei: e se a gente tivesse a oportunidade de acompanhar só o núcleo que a gente quer? Estamos propondo esse novo jeito. O espectador terá um mecanismo para acompanhar todos os episódios daquele núcleo.
Como estão fazendo para financiar a série?
Nós tentamos fazer via Ancine, mas não conseguimos. Apresentamos o projeto em Minas, e os prefeitos e os empresários da região nos acolheram. Uma empresa pagou o cachê da Zezé Motta, outra, do Gracindo Júnior, outros empresários pagaram de câmeras e outros atores. E as prefeituras foram nos ajudando com transporte, alimentação e hospedagem. Fomos avançando. Somos uma produtora que produz cinema, televisão e teatro. Ganhamos em um lugar, colocamos em outro.
Principais personagens
Gracindo Júnior (Luiz)
Fazendeiro, pai da trans Cacá, a quem apoia. Ele é avó do garoto Dante. Sua esposa está doente. Ele se formou em uma faculdade de direito, em São Paulo, onde conheceu a Dra. Isabel (Zezé Motta), por quem se apaixonou. Por ele ser branco, ele foi impedido pela família de Isabel de viver esse amor. eles se afastam e se reencontram anos depois em Procópio.
Zezé Motta (Dra. Isabel)
Seguiu a carreira de advogada e de delegada na cidade de Procópio. É linha dura, ética. É uma ativista contra qualquer tipo de preconceito. Sofre com racismo. Ela nunca se casou e sempre teve a esperança de se reencontrar com o grande amor da vida.
Roberto Cordovani (Cacá)
Conduz a trama. Após uma separação, muda de gênero, volta para a cidade natal e se casa com um jovem advogado. Ela é professora da escola da cidade, e é acusada de assédio, mas se descobre depois que é uma armação. Sofre humilhações por causa de sua condição sexual.
Vannessa Gerbelli (Bárbara)
Ex-mulher da Cacá, com quem tem boa relação. Eles tiveram o filho Dante. Ela é cantora e, após perder o irmão, vai para a Itália gravar um disco. O filho fica seis meses em Procópio com a trans. A música de abertura da série "Tempo Perdido" é cantada por ela e seu irmão Gian Gerbelli que, na vida real, morreu em um acidente de moto em 2018.
Igor Cotrim (Cuca)
É um traficante e fanático religioso, que se converteu na prisão e vive uma vida dúbia. É quem comanda a facção criminosa que invadiu a cidade.
Carmo da Mata ganha escola de cinema
As gravações da série pelo interior mineiro vão deixar um legado. A cidade de Carmo da Mata, a 175 km de Belo Horizonte, terá uma escola de cinema em 2020. A prefeitura municipal vai ceder um terreno, e o diretor Rony Guilherme se comprometeu a levantar os recursos com a iniciativa privada. O projeto está sendo formatado.
“A ideia não é só ter estúdios que fabriquem produtos culturais, mas que formem pessoas para continuar nosso trabalho. Eles vão aprender na prática, estudar cinema, câmera, maquiagem, edição, roteiro, figurino e cenografia com mestres da área”, explicou Rony Guilherme.
Walter Mercado, astrólogo do 'ligue djá', morre aos 87 anos
Shanti Ananda fez sucesso no Brasil nos anos 90 com uma campanha publicitária em que oferecia seus mapas astrais
Em 2010, Walter Mercado passou a se chamar Shanti Ananda após perder os direitos sobre o nome para seu ex-empresário.
O astrólogo porto-riquenho Walter Mercado, que ficou conhecido no Brasil pelo bordão "Ligue djá", nos anos 1990, morreu na noite de sábado (3), no Hospital Auxilio Mutuo, em Porto Rico.
Segundo o porta-voz da família, Omar Matos, Mercado sofreu de uma "aparente insuficiência renal" por volta das 21h. Em outubro, já era noticiado que ele enfrentava problemas de saúde.
Nesta semana, o apresentador de "Dando Candela", Fernan Vélez, disse que o astrólogo, nascido em 9 de março de 1932, havia sido internado em um hospital de San Juan, mas estava em situação estável e apresentava melhoras.
Conhecido pelas roupas extravagantes, Mercado fez sucesso no Brasil ao participar de uma campanha publicitária na qual oferecia seus mapas astrais. Além, da astrologia, ele também trabalhou como ator, dançarino e escritor.
Em 2010 ele mudou seu nome para Shanti Ananda após perder os direitos sobre o seu nome em uma batalha judicial com seu ex-empresário.
|